segunda-feira, 27 de agosto de 2012

A ADUFMS SOMOS NÓS E A LUTA CONTINUA...

Este é o momento de comemorarmos mais uma conquista dos professores da UFMS, que decidiram, em assembleia, pela manutenção da greve. Essa decisão foi tomada a revelia das recomendações da diretoria da ADUFMS, orquestradas pelo PROIFES – Federação, no dia 15/08, reunindo 222 docentes nos 11 campi desta universidade, contrariando as afirmações de que as assembleias são esvaziadas. Em tempos de defesa da prática sindical de gabinete, regida por consultas eletrônicas e decisões unilaterais, nós, professores e professoras da UFMS, mostramos que a base é sim definidora dos rumos do movimento sindical. Mostramos que não autorizamos ninguém a falar em nosso nome, muito menos decidir por nós. Esta conquista é a expressão dos novos rumos que queremos dar ao sindicalismo desta universidade: transparência e respeito às bases. Nossas decisões coletivas vêm provar cada vez mais a ilegitimidade de um sindicato que, se dizendo independente, não representa os desejos de quem é motivo de sua existência. Por manobras vergonhosas, espúrias, a ADUFMS-Sindical busca a desmobilização docente para atender as orientações de um governo, cujo papel é o de proteger e oferecer condições para a manutenção do bloco hegemônico no poder. Como todos acompanharam nas assembleias do último dia 15 de agosto, nosso estatuto foi simplesmente colocado de lado. Impressionante para um sindicato que até agora atuou com esta ferramenta para barrar suas bases. De qualquer forma, com estatuto ou sem estatuto, já compreendemos que nosso papel é resistir e enfrentar todas as determinações impostas, especialmente se considerarmos que “[...] o Estado não pode sufocar todas as instituições da República. A autonomia universitária sempre possibilitou melhor retorno social ao povo [...].” Reflitamos sobre questões concretas. Por que temos que ser nós a pagar o ônus da crise causada pelo sistema financeiro, quando dizem que devemos considerar a crise mundial, se não fomos nós a criar tal situação? A quem responde o governo? A quem tem concedido e/ou subsidiado com o dinheiro que é público? Quem paga a dívida pública? Antes disso, em favor de quem ela é contraída? Quem produz a riqueza e quem usufrui dela? Não precisamos de muitas provas para concluir que esta é a realidade. Basta fazermos nossa contabilidade pessoal e verificamos que a cada dia somos surpreendidos com a precarização de nossa profissão e de nossas vidas, razões suficientes para continuarmos pressionando para a reabertura das negociações. Não é essa universidade acordada pelo PROIFES que queremos. Queremos aquela que cumpra a função de humanizar o homem e não torná-lo uma máquina produtora de mais valia. Essa universidade proposta pelo governo, que prioriza a produtividade em detrimento da formação humana, não nos interessa. Por estas e outras atitudes é que manifestamos, em nossa última assembleia, a vontade de romper definitivamente com essa Federação, por não nos reconhecermos nela. Portanto, deixemos que a base decida pela necessária desfiliação do PROIFES. Nesse sentido, consideramos irrelevante e falaciosa a argumentação da diretoria da ADUFMS sobre a desfiliação da federação PROIFES, destacando uma questão que seria trágica se não fosse cômica: Seremos guiados por quem? Estaremos a serviço de grupos ideológicos políticos partidários? Enganam-se aqueles que pensam ser esta uma greve de esquerda guiada por organizações de oposição ou partidárias. Ao contrário, este é um movimento plural que agrega as mais diversas tendências políticas e/ou filosóficas, o que faz desse momento histórico o mais forte e determinado enfrentamento no âmbito das lutas docentes. Sabemos que, contraditoriamente, há entre os grevistas muitos professores ditos “esquerdistas” que, muito espertamente, durante a greve ficam em casa escrevendo artigos e livros para ampliar seus currículos lattes. Entretanto, isso não significa o esvaziamento nas assembleias, nem a fragilidade de nossas determinações. Acaso nós professores não temos senso crítico suficiente para sabermos o que queremos? Por que essa diretoria acha-se no direito de definir, para toda a categoria, o que é certo ou errado, que caminho devemos ou não seguir, quando em sua imensa maioria (e quando o dizemos podemos provar em números concretos e não abstratos, em dados reais e não forjados no apagar das luzes, como no caso da UNB) diz em alto e bom tom: Sei que não vou por aí! (Cântico Negro do poeta português José Régio)? Quem os autoriza a decidir contra nós mesmos? Ou damos um basta à deterioração de nossa carreira e das condições precarizadas de trabalho ou com muita brevidade chegaremos ao fundo do poço. Se optamos pela greve como instrumento de luta é porque sabemos de nossas necessidades urgentes e não ouvidas por aqueles que devem cumprir suas obrigações com o povo, porque é a ele que nosso trabalho se dirige. São nessas ocasiões que se potencializam os debates internos e externos às Universidades, portanto, ao contrário do que os tecnocratas de plantão afirmam, não há prejuízo para a educação, mas sim o fortalecimento da consciência crítica tão cara à defesa da Universidade pública, laica, gratuita e de qualidade (o que acaba sendo uma redundância, já que é impensável uma universidade sem qualidade). Apesar de todos os percalços a greve atual já aponta conquistas importantes como: a participação coletiva de professores, estudantes e técnicos-administrativos; o sentimento de pertence à comunidade acadêmica, a unidade de uma pauta nacional; a defesa da solidariedade e da dignidade; a consciência política de que não somos massa de manobra; a coragem e a ousadia de lutar por uma universidade verdadeiramente democrática; a descoberta de um potencial de luta à muito tempo adormecido. “Um espectro daninho ronda o sindicalismo brasileiro há mais de oitenta anos: o sindicato de Estado.” No entanto, é exatamente no seio desse sindicalismo que o embate se fortalece e contraria as expectativas do peleguismo oficial. É aí que se prova a força docente. É aí que podemos potencializar as transformações que nos cabem nesse momento histórico. Avante professores! A luta é árdua, mas frutífera. COMANDO ESTADUAL DE GREVE/UFMS

8 comentários:

  1. Pensem um pouco nos alunos, e voltem a dar aula! :)

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    1. É obrigação do Governo pensar nos alunos!

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    2. E os professores não têm obrigação ou responsabilidade nenhuma?

      É obrigação do professor pensar nos alunos. Há formas melhor de se negociar salário do que entrar em greve.

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    3. E dos professores dar aula! :D

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    4. Senhor Anônimo de 27 de agosto de 2012: você deve ser aluno, considera apenas a sua situação estudantil, olha para os lados e não enxerga problemas... Já imaginou se os professores retornam ao trabalho com esta batalha perdida? A maioria dos professores vai fazer retaliação! Que tal greve "Cor-de-rosa"? Todos são aprovados e ninguém aprende nada. Ou greve "Roxa" : as provas são muito difíceis e poucos passam nas matérias, mas formamos os melhores profissionais deste país. Pense! Estamos lutando para melhorar a sua educação!

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  2. Ninguém questiona a greve ou as motivações para tal... Agora essa guerra de sindicatos e essa queda de braço com o governo já deu. De fato voces precisam pensar nos alunos.

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  3. Os professores precisam de respeito, e os alunos também!
    Já passou da hora do governo fazer alguma coisa que preste!

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  4. Ja deu! Está na hora de pensar nos alunos ...

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