quinta-feira, 2 de agosto de 2012

VALE A LEITURA....O SABOR DA GREVE

GREVE... COM SABOR AGRIDOCE Por Lucimar Rosa Dias lucimar_dias@uol.com.br Professora da UFMS Fizemos uma vigília enquanto ocorria a reunião do governo com os sindicatos que representam universidades, institutos federais e técnicos, foi um momento impar entre nós. Conversamos... Comemos, nossos filhos brincavam ao nosso redor e acendemos velas – simbolicamente luzes para iluminar os corações e mentes do governo. Éramos poucos, mas fortes, felizes. Foi muito bom. Porém hoje passei o dia inteiro tentando entender porque um governo que se construiu a partir das lutas da década de 80 que rompiam com a ditadura, acabou nas mãos de uma burocrata, originaria da pequena burguesia e que para tentar por fim a greve dos servidores federais utiliza os mesmos métodos dos algozes de dantes, agora, disfarçados de democratas. O governo negociou na espreita, em surdina com os sempre de plantão “capitães do mato” de certos sindicatos, os pelegos, como diriam os trabalhadores de 80. Tem usado a grande imprensa, para mentir aos cidadãos de bem sobre o que está acontecendo. Encurrala os que bravamente lutam pelo bem, neste caso, por uma universidade pública, gratuita e socialmente referenciada. A sensação é estranha... Na minha cabeça um turbilhão de pensamentos, dá-me tonturas, vem-me um gosto acre, dá-me enjoo, vontade de pronunciar os nomes mais atrozes para me libertar dessas sensações ruins. Penso nos colegas que aceitaram esta proposta espúria, a mim me parece aquele acordo entre o diabo que lhes pede a alma em troca de um nada que parece muito. Aceitaram um acordo medíocre que os desvalorizam como profissionais, que implicam em continuar a trabalhar com péssimas condições materiais, que destrói a carreira universitária e a maioria nem mesmo obterá os ganhos do acordo marginal, pois este, certamente só o núcleo duro vai por as mãos e assim mesmo, sentem-se partícipes do processo, o enjoo aumenta... No entanto, de repente começo a pensar que a alma (e o corpo) desses sujeitos não vale lá grande coisa e são merecedores da migalha oferecida. E penso em coisas melhores... No avanço do sindicalismo sério e democrático onde trabalho, nos jovens professores e técnicos do instituto federal da minha cidade que estão começando a carreira de cabeça erguida e sabem-se merecedores de respeito. Penso nos nossos alunos que estão tendo a maior lição que poderíamos dar-lhes: aprendam a lutar pelo que consideram justo. Não esperem, faça a hora. E, sobretudo penso no meu filho e nos filhos dos outros colegas que têm feito a greve forte. Eles nos acompanham, veem o que estamos fazendo e certamente aprendem que mesmo diante da truculência do poder, é necessário resistir... Então me parece que há também um sabor doce, neste acre momento.

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