quarta-feira, 13 de junho de 2012

A ADUFMS, a greve nacional e a letargia dos docentes da UFMS


Por Igor Catalão (UFMS/Câmpus do Pantanal)

Estamos vivenciando na UFMS uma significativa descrença por parte dos professores desta instituição em relação ao modo como a ADUFMS tem se posicionado nos últimos anos e, especialmente, no atual cenário de greve generalizada dos docentes das universidades federais, que se solidarizam num movimento reivindicativo para assegurar uma educação pública, gratuita e de qualidade e a valorização do nosso trabalho, que passa pela necessária e premente reestruturação da carreira. Essa descrença foi manifestada ontem (11/06) na ausência de quórum numa assembleia que deveria definir a adesão (atrasada!) da Universidade ao movimento nacional. Pergunto se a pífia participação dos docentes, sobretudo de Campo Grande e Três Lagoas, demonstra a inexpressividade destes no movimento ou a desconfiança destes com relação ao sindicato.

No Câmpus do Pantanal, reconhecidamente aquele em que impera o movimento mais forte e consolidado da Universidade, acompanhando o que está ocorrendo no país, estamos nos mobilizando há, pelo menos, um mês sem o incentivo e o sem respaldo do sindicado que diz nos representar. É precisamente por esta falta de representatividade que os colegas de Campo Grande não compareceram à assembleia. É por essa mesma razão que não tínhamos, no início da nossa mobilização no Câmpus do Pantanal, nem a metade de docentes ativos filiados.

Esse cenário deveria gerar, no mínimo, constrangimento por parte da diretoria da ADUFMS, que tem se escondido de uma luta que é nacional, contribuindo para a construção de uma imagem ridicularizante da UFMS no país - a de que somos parasitas: os outros brigam, nós levaremos o bônus. Mesmo sindicatos ligados ao PROIFES-Federação estão aderindo à greve sem que, na UFMS, tivesse sido aberto debate sério sobre essa questão. (O que estamos fazendo no Câmpus do Pantanal partiu dos docentes e  não do sindicato). Vejam-se os exemplos da UFC, da UNILAB, da UFBA e, mais recentemente, da UFSCar. O próprio vice-presidente da ADUFMS-Pantanal perguntou em assembleia: pra que entrar em greve?

Todos os movimentos ocorridos nas bases dos sindicatos ligados ao PROIFES - com destaque, no caso da UFMS, para o Câmpus do Pantanal - demonstram que esta entidade não é representativa da classe docente, como ficou evidente pelo posicionamento antidemocrático e antissindical da ADUFG no episódio nefasto de sua última assembleia e nas tentativas de descrédito do movimento grevista iniciado em Goiânia (com retardo, diga-se de passagem, com relação aos demais câmpus da UFG).

Diante disso, é necessário refletir sobre as reais razões pelas quais a UFMS não aderiu à greve, razões estas que também explicariam que, se tivéssemos aderido, seria pelo voto de menos de 200 professores que compareceram à assembleia de ontem (dos 1000 [ou mais?] que compõem o corpo docente). Que legitimidade tem esse movimento? Somos realmente parasitas? Estamos realmente por fora do que anda ocorrendo no cenário nacional? Somos inexpressivos? Estão o atual estado da UFMS e os nossos salários uma maravilha em relação às demais universidades em greve que justifique o silêncio?

Estamos vivendo um momento histórico de revitalização dos movimentos de luta pelas melhorias (movimentos sociais e sindicatos) no país e a UFMS está correndo o risco de ficar de fora deste movimento, pelo seu corpo docente apático e pelo seu antissindicato, porta-voz de uma cúpula, o PROIFES, que está sendo usada pelo governo para desmobilizar, avacalhar e atravancar o movimento sindical. Recupero aqui o que já foi escrito em carta assinada pelos professores do Câmpus do Pantanal: o propalado diálogo entre governo e o PROIFES só tem representado protelação de decisões e nenhum ganho efetivo para a categoria docente.

No Câmpus do Pantanal, foi aprovado, por unanimidade dos presentes, um indicativo de greve já no dia 17 de maio. A impossibilidade jurídica de a ADUFMS-Pantanal entrar em greve de modo independente nos impede de deflagrar a greve, porém não poderemos ficar esperando ad aeternum.

4 comentários:

  1. Professor Igor expressa o sentimento da maioria dos docentes da UFMS. Sindicato mesmo é o ANDES-SN. Por isso o movimento já eclodiu em Três Lagoas por meio da ADLESTE. Li um cartaz lindo de uma estudante manifestante no Rio: O QUE ME ASSUSTA NÃO É O GRITO DOS MAUS, MAS O SILÊNCIO DOS BONS.

    Prof. Lourival dos Santos (História_CPTL)

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  2. Prezados, otima madrugada!
    Postei em:
    http://www.facebook.com/MovimentoEstudantilUfmsCptl
    A seguinte observação:
    Para todos aqueles que gostam e ou que um dia se realizarão, dando aulas:
    Uma Amiga minha ficou indignada ao participar de um concurso municipal aonde o salário dos professores era inferior ao dos operadores de maquinas pesadas (Pá-Carregadeira, Retroescavadeira, Dentre outros equipamentos...) porém, nos momentos de MOBILIZAÇÃO os operadores, motoristas, pedreiros dentre outros; participam-aderem às manifestações, fazem piquetes praticam seu direito à greve e contestação as "situações dominantes" e não ficando em casa, indo viajar e ou apenas ficando na "brisa do movimento" curtindo seus momentos de prazer individual enquanto toda uma categoria paga por isso, sendo desvalorizados perante todas as outras classes que dedicam menos tempo em estudos formais.
    Porem aqui devo salientar que esta minha amiga é mestrada no CPTL.
    Sou Discente de ADM e Profissional de uma categoria que se não tivesse se unido no passado nem a empresa em que trabalhamos existiria mais!!!!

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  3. Será que depois desse desabafo da realidade que vem ocorrendo dentro da UFMS você ainda tem coragem de manter-se filiado a um sindicato que não te represente, nem defende os seus direitos. proponho a desfiliação da ADUFMS por parte daqueles que se sentem insatisfeitos com esta representação sindical.

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  4. Ines Neves, entendo seu ponto de vista, porém penso que a ADUFMS somos nós e nossa luta agora é para arrancar essa diretoria que não nos escuta.

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