terça-feira, 26 de junho de 2012

SAIU NO CORREIO DO ESTADO ARTIGO DO PROFESSOR VITOR WAGNER SOBRE A GREVE

GREVE NA UFMS (publicado no Correio do Estado, p.2, de 18/06/2012) Por Vitor Wagner Neto de Oliveira. UFMS/Campus de Três Lagoas.vitorwagnern@yahoo.com.br Vivemos uma onda de greves no setor público e privado. Em maio, oito capitais foram paralisadas por greves de metroviários e trabalhadores dos ônibus urbanos. Na educação básica greves surgem em diversos estados e municípios. A insatisfação se generaliza para categorias do Judiciário, Executivo e Legislativo. O ânimo para a greve em órgãos federais e entre os trabalhadores das Universidades que, passados onze anos, paralisam por tempo indeterminado, é a antítese de um modelo que garante lucros para poucos com base na exploração de muitos. Ao mesmo tempo em que o governo desonera o empresariado ao reduzir impostos, como no caso de 15 setores empresariais que deixarão de pagar os 20% do INSS, arrocha os salários do setor público justificando ser redução de gastos. É o trabalhador que paga pela crise! A greve nas universidades tem questionado essa lógica de mercado imposta aos educadores. A expansão das Universidades Federais nos últimos anos veio acompanhada pelo agravamento de problemas que comprometem a qualidade do ensino, da pesquisa e da extensão. Os afastamentos por problema de saúde se tornam rotina nas Universidades, pelo ritmo de trabalho, num modelo que cobra do professor-pesquisador produção quantificada. Não se avalia o docente pelo seu papel formador na graduação e ou pela construção do conhecimento, mas pela quantidade de artigos publicados, de bolsistas e de projetos aprovados com recursos externos. A estabilidade na carreira de professor-pesquisador é essencial para garantir o crescimento da Universidade com qualidade. Por isso, hoje se coloca como urgente a reestruturação da carreira docente como única para todos os docentes das Universidades Públicas Federais, incluindo aí os Institutos Federais e Colégios de Aplicação. Este é o foco do movimento grevista deflagrado pelo ANDES-Sindicato Nacional dos professores do ensino federal. A carreira docente deve garantir salário digno e segurança aos trabalhadores da educação. Baixos salários, falta de funcionários, condições de trabalho precárias, salas lotadas e carga-horária elevada não coadunam com a educação de qualidade. Estes fatores têm contribuído para a evasão escolar que, no caso de alguns centros como de Três Lagoas, são agravadas pela inexistência de Moradia Estudantil e Restaurante Universitário, instrumentos comprovadamente eficazes para a permanência do aluno trabalhador e/ou daquele oriundo de outra cidade. Em vista dessas contradições da política governamental que discursa sobre a ampliação do ensino superior, mas na prática o inviabiliza professores da UFMS, Campus de Três Lagoas, deflagraram greve no dia 12 de junho, com o apoio do Movimento Estudantil e acompanhando o movimento nacional, iniciado em 17 de maio. Hoje são 51 instituições em greve, das 59 universidades existentes. Essa mobilização nacional demonstra o movimento sindical para além dos gabinetes petistas.

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