terça-feira, 12 de junho de 2012

UMA AULA


Antonio Rodrigues Belon (CPTL-UFMS, arbelon@uol.com.br)
                Na segunda quinzena do mês de maio os professores das instituições federais de ensino entraram em greve. O governo se mostra incapaz de apresentar, e de aceitar, novidades nas negociações sobre a carreira dos docentes já faz muito tempo. O ANDES-SN, sindicato da categoria, se reúne com a Andifes ─ Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior, representante dos Reitores ─ e com o Conif ─ Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica ─ para comunicar a deflagração da greve.
                Os professores começam a oferecer outro tipo de lição, diferentes daquelas aulas de seu cotidiano.
De início a greve conta com a adesão de professores de mais de trinta instituições, um marco histórico. Cotidianamente cresce a adesão de instituições de ensinos federais em toda parte, inclusive no Mato Grosso do Sul, como ocorreu com os professores da UFMS, em Corumbá. Articuladamente cresce o apoio de entidades de todos os campos da sociedade ao movimento dos professores: dos estudantes, dos técnicos das instituições de ensino e muitas outras áreas de atuação.
A greve não tem um objetivo único. Nem se limita ao tema da carreira e do reajuste salarial. A luta passa pelas reivindicações de laboratórios adequados e com condições mínimas de uso e aprendizado, qualidade e zelo das instalações, quase sempre precárias, de bibliotecas com livros e atualizadas, de moradias e restaurantes universitários Da ação dos professores depende não só a formação dos profissionais em todas as áreas, mas ela é necessária à simples escrita e leitura de um pequeno texto, em jornal ou não.
Aos estudantes não cabe apenas ver os acontecimentos. Deles vem ampla movimentação com a adesão por meio de suas entidades representativas locais e da ANEL-  Assembleia Nacional dos Estudantes - Livre, em nível nacional.
A Seção Sindical dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - região leste sul-mato-grossense (ADLeste - S. Sind.) em sucessivas assembléias e mobilizações aprovou uma lista de exigências para pautar as negociações com o governo.
Dela constam os temas básicos para os estudantes, da Gestão da universidade, da valorização do trabalho docente em todos os seus aspectos, a ampla e democrática discussão da política de implantação de novos unidades e cursos.
O estado de greve, a assembleia permanente e o acompanhamento do movimento nacional do ANDES-SN caracterizam o primordial na atuação da ADLeste – seção sindical, em Três Lagoas e região, no momento. É bom lembrar uma das posições fundamentais da seção sindical enquanto representante da categoria: as suas lutas e intervenções não incidem, diretamente, ou seja, na seleção e indicação de nomes de candidatos nas eleições para a reitoria na UFMS e nem nos Municípios. Vale uma posição de zelo pela independência e autonomia em relação à Reitoria, às candidaturas e aos partidos.
Publicado originalmente no CORREIO DO ESTADO, de Campo Grande, de 25 de maio de 2012, à página 2. Republicado em http://arbelon.blog.uol.com.br/.  

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