Antonio Rodrigues Belon
(CPTL-UFMS, arbelon@uol.com.br)
Na segunda quinzena do mês de
maio os professores das instituições federais de ensino entraram em greve. O
governo se mostra incapaz de apresentar, e de aceitar, novidades nas
negociações sobre a carreira dos docentes já faz muito tempo. O ANDES-SN, sindicato
da categoria, se reúne com a Andifes ─ Associação
Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior,
representante dos Reitores ─ e com o
Conif ─ Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação
Profissional, Científica e Tecnológica ─
para comunicar a deflagração da greve.
Os professores começam a
oferecer outro tipo de lição, diferentes daquelas aulas de seu cotidiano.
De início a greve conta com a adesão de professores
de mais de trinta instituições, um marco histórico. Cotidianamente cresce a
adesão de instituições de ensinos federais em toda parte, inclusive no Mato
Grosso do Sul, como ocorreu com os professores da UFMS, em Corumbá.
Articuladamente cresce o apoio de entidades de todos os campos da sociedade ao
movimento dos professores: dos estudantes, dos técnicos das instituições de
ensino e muitas outras áreas de atuação.
A greve não tem um objetivo único. Nem se limita ao tema da
carreira e do reajuste salarial. A luta passa pelas reivindicações de
laboratórios adequados e com condições mínimas de uso e aprendizado, qualidade
e zelo das instalações, quase sempre precárias, de bibliotecas com livros e
atualizadas, de moradias e restaurantes universitários Da ação dos professores
depende não só a formação dos profissionais em todas as áreas, mas ela é
necessária à simples escrita e leitura de um pequeno texto, em jornal ou não.
Aos estudantes não cabe apenas ver os acontecimentos. Deles
vem ampla movimentação com a adesão por meio de suas entidades representativas
locais e da ANEL- Assembleia Nacional
dos Estudantes - Livre, em nível nacional.
A Seção Sindical dos Docentes da Universidade Federal de
Mato Grosso do Sul - região leste sul-mato-grossense (ADLeste - S. Sind.) em
sucessivas assembléias e mobilizações aprovou uma lista de exigências para
pautar as negociações com o governo.
Dela constam os temas básicos para os estudantes, da Gestão
da universidade, da valorização do trabalho docente em todos os seus aspectos,
a ampla e democrática discussão da política de implantação de novos unidades e
cursos.
O estado de greve, a assembleia permanente e o
acompanhamento do movimento nacional do ANDES-SN caracterizam o primordial na
atuação da ADLeste – seção sindical, em Três Lagoas e região, no momento. É bom
lembrar uma das posições fundamentais da seção sindical enquanto representante
da categoria: as suas lutas e intervenções não incidem, diretamente, ou seja,
na seleção e indicação de nomes de candidatos nas eleições para a reitoria na
UFMS e nem nos Municípios. Vale uma posição de zelo pela independência e
autonomia em relação à Reitoria, às candidaturas e aos partidos.
Publicado originalmente no CORREIO DO ESTADO, de
Campo Grande, de 25 de maio de 2012, à página 2. Republicado em http://arbelon.blog.uol.com.br/.
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