quarta-feira, 5 de setembro de 2012

3ª carta do Comando Estadual de Greve aos docentes da UFMS

Estamos em greve. É um fato. Também é um fato que é a mais longa greve da história dos professores das universidades federais. Desde o dia 17 de maio, quando foi deflagrada a greve, ocorre um embate entre forças divergentes (ANDES-SN e PROIFES-Federação) no interior da categoria e também, no caso do ANDES, com o governo, já que o PROIFES mostrou sua face governista. Dirigimo-nos a todos, neste momento, com o entendimento de que, somente com unidade, ainda que não de forma consensual, poderemos continuar a luta contra o projeto de sucateamento e precarização das relações de trabalho nas Universidades Federais. Isto deve ocorrer na greve e para além da greve. É, entretanto, no âmbito da greve, e em seu processo histórico de amadurecimento que conseguimos, na UFMS, conhecer, dialogar, até mesmo divergir, e também encaminhar questões entre nós, professores, antes amargamente contidas e sufocadas. Um dos principais responsáveis, por incrível que possa parecer, pela ausência dos debates em torno das relações de trabalho é, contraditoriamente, exatamente o fórum mais adequado: o sindicato (nesse caso, a ADUFMS por meio de sua direção). O momento nacional é de reflexão sobre a greve. A justeza das reivindicações dos professores (trabalhadores) em greve choca-se, por vezes, com o pragmatismo em torno de ganhos, datas e prazos, e também de legislações. Sabemos que as questões pragmáticas são determinações humanas e que, portanto, passíveis de alterações a partir das necessidades concretas da sociedade. Dessa forma, torna-se indispensável pesarmos os custos das decisões a tomar, sejam elas quais forem. Algumas universidades optaram pela saída do movimento grevista, ainda que apontassem a necessidade de se manter a luta, mesmo após a saída do movimento. Mesmo nestas, a votação foi apertada, em oposição ao ocorrido no início e decorrer da greve, quando as votações eram, senão unânimes, ao menos por maioria esmagadora. Na semana passada, a maioria das universidades deliberou pela manutenção da greve em suas assembleias docentes (53 universidades federais permanecem em greve). Também foi o caso da UFMS, embora haja exceção em dois campi. Temos, no entanto, verificado a necessidade de compreensão da dinâmica do movimento grevista na atual fase. Por isso, solicitamos a todos os docentes a leitura atenta dos relatos que seguem sobre as diferentes assembleias realizadas entre os dias 27 e 31 de agosto nos campi, desta Universidade, que permanecem em greve. Compreendemos que somente assim, com a participação e argumentação dos presentes e a consequente tomada de decisões, vamos fortalecer o movimento, ratificando que a assembleia docente é o espaço adequado para essa tomada de decisões. RELATO DAS ASSEMBLEIAS UFMS TRÊS LAGOAS (ADLeste – Seção Sindical do ANDES-SN) Os professores reunidos em assembleia convocada pela ADLeste – S.Sind. discutiram o seguinte ponto de pauta: “Avaliação do movimento grevista e encaminhamentos”. Deliberaram o que segue: 1) Indicativo de saída unificada da greve; 2) Continuidade da greve, até que se defina a data de saída a partir do Comando Estadual e do CNG; 3) Intensificação da discussão da pauta local, a partir de ações unificadas entre os campi da UFMS; 4) Nova assembleia, dia 04/09, às 9h. CORUMBÁ (assembleia de filiados e não filiados à ADUFMS-Sindical) Os professores do Câmpus do Pantanal reunidos em assembleia convocada pelo Comando Local de Greve discutiram o seguinte ponto de pauta: “Análise de conjuntura local e nacional da greve”. 1) Os presentes aprovaram por unanimidade uma moção de apoio à continuidade e intensificação da greve; 2) Busca de apoio do Senador Delcídio do Amaral e de parlamentares do estado de Mato Grosso do Sul no sentido de aprovar as modificações no PL sobre o plano de carreira; 3) Greve solidária: participação com uma barraca no evento da APAE; 4) Greve solidária: movimento coletivo de doação de sangue; 5) Promoção de um debate com os candidatos a prefeito de Corumbá para falar sobre educação no município. AQUIDAUANA (assembleia de filiados e não filiados à ADUFMS-Sindical) 1) Votação pelo fim do movimento grevista e retorno às atividades (18 votos favoráveis e 11 contrários); 2) Indicativo de assembleias simultâneas para o Comando Estadual de Greve e para a ADUFMS no decorrer da próxima semana (3 a 6/09) para definição do fim a greve; 3) Nenhum indicativo de data para o retorno (saída unificada na UFMS). COXIM (não realizou assembleia – permanece em greve) BONITO (não realizou assembleia – permanece em greve) PARANAÍBA (assembleia de filiados e não filiados à ADUFMS-Sindical) 1) Deliberação sobre a necessidade de se discutir uma saída unificada da greve. CAMPO GRANDE (assembleia de filiados e não filiados à ADUFMS-Sindical) – 29/08 1- Fez-se uma análise da conjuntura da greve 2- Os professores em sua maioria mostraram disposição para a continuidade da greve, o fortalecimento e intensificação. Há professores, no entanto, que encaminharam a necessidade de discutirmos o momento de saída da greve. Pelo horário já adiantado e o quórum diminuído em relação ao início da assembleia, a plenária optou pela possibilidade de discussão na assembleia da semana seguinte, marcada para quarta feira.

9 comentários:

  1. Respondam por favor, como ficam nossos filhos e pais de filhos que tem o salario medio do povo brasileiro que é muiiito abaixo do que voces ganham? Sao semi Deuses?

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  2. Creio, que a greve está indo longe demais, uma vez que não está se preocupando devidamente com a atual situação dos acadêmicos.
    É preciso que a negociação aconteça o mais breve possível.

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  3. Acho lícito e justo que os professores lutem por melhores condições de trabalho e por uma melhor infraestrutura, e sabemos que isso só é possível através de greve. Entretanto, os docentes chegaram a um ponto que estão olhando só para seus umbigos, não lembram dos alunos e do semestre letivo. Há de se haver parcimônia e ponderação, até mesmo para greves.

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  4. Se a greve está indo longe demais, realmente está faltando a preocupação com nós acadêmicos, mas esse descaso é por parte do governo que ignora o movimento e não quer negociar. Os professores e funcionários estão nessa luta exatamente pela preocupação com a qualidade do ensino.

    E José Renato, se você acompanhasse o movimento, saberia que a luta não é só por salários, e sim por infraestrutura, autonomia e educação de qualidade. Agora, mesmo que fosse SÓ por salário, ainda estaria correta, pois não é justo um professor que passou pelo menos 20 anos estudando, e mais 20 de experiência ganhar o mesmo que um engenheiro recém formado.

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  5. A greve pode estar demorando, porém não se esqueçam que é por conta do esforço de um professor que cada ser humano aprende e se desenvolve intelectualmente.Perguntem numa sala de 3° ano ou cursinho, quantos alunos querem ser professores, vcs terão uma triste surpresa. Professor não é semi-deus, ele é um mártir, isso sim, por trabalhar tanto e ganhar tão pouco.Todos eles mereciam ganhar salários altíssimos sim, pois sem o ensino deles não existiria os outros profissionais.Países que se deram conta disso, hoje são exemplo, como o Japão, Cingapura, Coréia do Sul e etc. A preocupação dos acadêmicos pela volta das aulas é puramente EGOÍSTA, porque a maioria que reclama quer o seu diplominha o menos atrasado possível,e os próximos estudantes que se "danem" se a UF piorar cada vez mais, porque eles já estarão formados, porém eles terão filhos.Ainda bem que existem alunos sábios em relação a isso,e abrem a boca para apoiar e não pra ficar perguntado: quando acaba a greve?

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  6. Luka, De a proporçao de quantos Engenheiros recém formados ganham o mesmo que um professor universitário; 1 para 1000 ? Sou a favor de melhorias mas não as custas de uma guerra. Se o comercio também resolvesse protestar da mesma maneira o Brasil ia parar, mas é logico que nos simples mortais não temos este direito né?

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  7. Realmente, o trabalho docente é não é reconhecido como deveria, porém nossos professores não foram contratados no escuro, antes de prestarem concursos, com certeza leram os editais, e já imaginavam como seria sua carreira no Brasil, um dos países com muitas desigualdades e injustiças.
    Para melhorar o nosso país nós devemos votar em bons candidatos,e não travar um guerra, com está acontecendo ultimamente.
    Agora é óbvio admitir que a comunidade da UFMS é especialista em fazer mau uso da democracia.
    Concluindo, se compararmos a greve com uma guerra, a unica categoria perdendo até o presente momento é a CATEGORIA ACADÊMICA.
    ISSO É UMA QUESTÃO MUITO MAIOR QUE A AQUISIÇÃO DE DIPLOMAS, envolve tempo, dinheiro, saúde, emoções e etc...

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  8. Gente seria bem pior se voltasse a greve agora p perder o fim de ano com familia (aqueles que moram longe de seus familiares)fora as aulas porcarias que iriamos ter para correr contra o tempo. Ja começou deixe que terminem o semestre em greve pelo menos assim invertem os semestres e formaremos no meio do ano q vem quem for formar e os que forem entrar tomara Deus entrem numa universidade melhor. Como nós academicos teremos filhos os nossos filhos tambem os teram e essa greve vai servir de exemplo para eles que não desistimos que não deixamos nosso governo hipócrita que é eleito por ignorantes vencer que lutamos não importando com tempo p fazer nossa palavra valer. Oque podemos fazer nesse tempo ? Pensar melhor e tentar conscientizar o povo a NÂO eleger porcaria como vem fazendo. Mas uma coisa é certa se não nos mexermos não adianta de nada o que nossos professores estão fazendo.

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  9. Gostaria de ler relato de alguns professores sobre a greve. Será que o Blog pode proporcionar isso?

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